Contas para pagar, chefe, trânsito. Muitos são os gatilhos para desencadear o estresse e, a partir daí, as consequências para organismo são inúmeras. Na saúde bucal, o mal pode causar periodontite, bruxismo, halitose, aftas e cáries.
Para começar a conversa, é preciso esclarecer que a irritação de um dia ruim na maioria das vezes causa apenas nervoso. O estresse é a resposta psicológica e hormonal para situações que demandam adaptação extrema. Por exemplo, ao se deparar com uma situação de perigo, como um animal faminto, nossos ancestrais precisavam defender-se. Tanto para atacar quanto para fugir, o corpo passa por um processo – o batimento cardíaco acelera para bombear mais sangue, há um aumento da respiração e da pressão arterial, entre outros.
A realidade agora é diferente, em vez de animais ferozes é preciso enfrentar pressão do trabalho, correria do dia-a-dia, problemas modernos. Ainda assim, ao menor sinal de ameaça, o corpo se prepara da mesma forma para lutar ou fugir, liberando uma série de mediadores químicos, como a adrenalina. O problema é que como não reagimos fisicamente, correndo ou lutando, as substâncias liberadas no sangue não têm função.
Após muitas situações de adrenalina, algumas pessoas começam a sinalizar falta de disposição e energia, alteração de humor e do sono, hipertensão, problemas de pele. Essas reações mostram que o corpo não vai bem e, sem os devidos cuidados, a consequência é a exaustão que afeta os sistemas imunológico, endócrino, nervoso e o comportamento. “O estressado se sente responsável por tudo, acredita que sem a sua atuação a vida dele e de muitas outras pessoas não funcionaria bem”, diz a psicóloga Miriam Barros. Segundo a especialista, ao contrário do que pensam, o estresse não é doença de pessoas fracas. “Na maioria das vezes o estresse acomete pessoas que querem dar conta de tudo e, geralmente, são bastante competentes em resolver problemas”, afirma Miriam.
Saúde bucal
O estresse libera hormônios como hidrocortisona e cortisol, além de produzir um alto nível de adrenalina. Essas substâncias são responsáveis por regular funções corporais, como o sistema imune, que pode desencadear efeito pró ou anti-inflamatório. O estresse desencadeia um efeito pró-inflamatório, o que, aliado aos maus hábitos de higiene bucal, tornam o ambiente propício para o aparecimento da doença periodontal e aftas.
O que prejudica ainda mais a saúde bucal são os maus hábitos que a pessoa estressada tende a adquirir ou aumentar, como o consumo de álcool, tabaco e negligência da higiene oral, que é um prato cheio para a cárie e halitose. A tensão emocional também pode acarretar em bruxismo – ranger dos dentes – que causa desgaste dos dentes, distúrbios na articulação temporomandibular e danos ao tecido gengival e ao osso mandibular.
Um estudo publicado no periódico 'Journal of Personality and Social Psychology' mostra que as pessoas são igualmente propensas a hábitos positivos ou negativos quando estão sob pressão. Ou seja, o estresse potencializa hábitos ruins e bons, depende o que cada um está habituado a fazer. Quem come mal tende a comer ainda mais coisas que fazem mal e quem gosta de ir à academia, por exemplo, malhará ainda mais.
“A pessoa estressada negligencia o que não é hábito para ela, quem é já é consciente sobre a boa higiene bucal, ao passar por um período de estresse, tende a não negligenciar a saúde oral”, explica o cirurgião-dentista Giuseppe Romito, professor da Faculdade de Odontologia da USP.
Para deixar o estresse pra lá
- Tenha boas noites de sono
- Cuide da saúde
- Alimente-se de forma saudável
- Faça atividades físicas
Fonte: Terra.
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